sexta-feira, setembro 23, 2011

VIK MUNIZ no Museu Berardo











Vicente José de Oliveira Muniz, mais conhecido por Vik Muniz, nasceu em S. Paulo em 1961 e tem desenvolvido os seus trabalhos nas áreas da fotografia, desenho, pintura e gravação. Estudou publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo, e em 1983 mudou-se para Nova Iorque, onde passou a viver e a explorar materiais menos habituais nos seus trabalhos de artes plásticas e fotografia.
Crianças, de açúcar

Desde 1988 que Muniz cria séries de trabalhos nas quais tem investigado sobretudo temas relativos à memória, à percepção e à representação de imagens do mundo das artes e dos meios de comunicação, usando técnicas diversas e materiais invulgares como o açúcar, chocolate líquido, leite condensado, molho de tomate, gel para o cabelo, lixo e terra.

Este ano, o filme "Lixo Extraordinário", que o artista dedicou à vida dos apanhadores de lixo do Aterro Sanitário Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, foi um dos cinco nomeados para os Óscares, na categoria de Melhor Documentário. Mais recentemente, Vik Muniz foi a grande sensação da 4.ª edição dos Green Project Awards.

1- Mona Lisa, em manteiga de amendoim e geleia.
2- Marilyn Monroe, em ketchup.
3- Imagem de "Lixo Extraordinário", com lixo e detritos.
4- Ava Gardner, trabalhada com diamantes.
Nessa cerimónia, Vik explicou que, enquanto artista plástico, passava "mais de metade" do seu tempo a "pensar na sustentabilidade como um assunto pessoal". "Nós somos treinados para não ver o lixo. Como artista plástico, pareceu-me muito interessante trabalhá-lo", afirmou então".

Na sequência da ideologia a que o Museu de Berardo nos vem habituando, de surpreender os portugueses com obras inovadoras e verdadeiramente originais, este Museu, numa co-produção com o Estúdio Vik Muniz, de Nova Iorque, onde o artista está radicado desde há cerca de 25 anos, abriu as portas às suas  obras, numa exposição retrospectiva dos trabalhos deste artista plástico brasileiro, com o patrocínio da Sociedade Ponto Verde.

Assim desde o dia 21 de setembro até o dia 31 de dezembro, esta exposição estará aberta aos portugueses, que poderão admirar cerca de uma centena de trabalhos que vão desde 1980 até aos dias de hoje, com entrada gratuita. Segundo a organização, esta exposição já passou por Nova Iorque (no MoMA), por Miami (Miami Fine Arts Museum), México e Canadá. Esta é a primeira vez que Vik Muniz apresenta uma exposição em nome próprio, na Europa. Quando da sua passagem pelo Brasil, foi a exposição mais vista de sempre, de um artista brasileiro, com 100 mil visitantes no Rio de Janeiro e 200 mil em São Paulo.

Em Portugal, Vik Muniz apresenta obras inéditas como "Floor Scrapers, after Gustave Caillebotte" e "White Field with Cypresses, after Van Gogh", ambas de 2011; e ainda"Rolleiflex", uma doação de Vik Muniz para a Coleção Berardo. De salientar o valor quase proibitivo que as obras deste artista têm vindo a alcançar.

Para Vik Muniz, a arte é para todos e faz-se a partir de tudo, incluindo compota e manteiga de de amendoim. Admitindo que há quem faça verdadeiras obras de arte com fósforos queimados, quadros com conchinhas, desenhos com borras de café, atingindo o estatuto de obras primas, para Vik Muniz tornou-se imperativo como forma de arte, pintar a Mona Lisa com manteiga de amendoim e geleia, por representar Pollock com chocolate e fazer um mapa do mundo com lixo informático.

Desde a sua primeira exposição em 1989, Vik Muniz já trabalhou com as matérias mais improváveis. Para além de imagens feitas com brinquedos (caso da imagem do auto retrato, no cabeçalho desta mensagem) e resíduos vários da sociedade de consumo (como a primeira imagem do cabeçalho,"Nova Paixão"), chegou a criar uma Ava Gardner com diamantes e uma Marilyn Monroe com ketchup.

Tudo isto está presente no Museu da Coleção Berardo. É a arte para todos, com referências à história da arte, mas de uma forma completamente acessível, como as recriações dos quadros de Klimt ou de Leonardo da Vinci, no caso da Mona Lisa, de manteiga de amendoim.

O trabalho de Muniz traduz-se na "impressão de que uma coisa para ser inteligente não pode ser bonita". O artista apresenta uma exposição para todos, sem medo da beleza, socialmente envolvida, provocadora e divertida. Com todos estes ingredientes, há que salientar o forte apelo desta exposição, onde o espectador, adulto ou criança que pensa poder provar a Mona Lisa ou Marilyn, irá ficar defraudado, porque nenhum museu do mundo possui salas frigoríficas que possam garantir que a Mona Lisa não se derreta... São telas representativas de todas estas obras que estão em exibição até 31 de dezembro, no Museu Berardo (CCB - Praça do Império), todos os dias das 10.00h às 19.00h, sábados até às 22.00h. A entrada é gratuita. 



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